Toda reconstrução necessita de lideranças. Essa é a mensagem que Lucas Silva passou ao retornar ao Cruzeiro em 2023, ano em que o clube estava de volta à elite nacional em um cenário totalmente diferente daquele vivido pelo volante nas passagens anteriores.
Titular absoluto e capitão do time do técnico Nicolás Lacarmón, o jogador de 31 anos conseguiu conduzir a equipe à final do Campeonato Mineiro deste ano. E com moral pela melhor campanha na fase inicial, o que enche a Raposa de esperanças de desbancar o arquirrival Atlético-MG, atual tetracampeão. O eventual título teria peso especial para Lucas Silva, candidato a conquistar o oitavo estadual de sua carreira.
Goiano de Bom Jesus do Goiás, Lucas Silva chegou ao Cruzeiro aos 14 anos e viveu um verdadeiro conto de fadas no início de carreira. Brilhou na conquista dos títulos brasileiros de 2013 e 2014, chegou à seleção brasileira e foi vendido ao Real Madrid. A experiência acabou frustrada, tanto na Europa quanto em seu retorno à BH.
Mesmo que campeão da Copa do Brasil em 2017 e 2018, ele esteve presente no cenário dramático da temporada de 2019, marcada por salários atrasados, problemas políticos e, por fim, um rebaixamento no Campeonato Brasileiro. A queda também marcou a segunda saída de Lucas, rumo ao Grêmio. No sul, conquistou quatro títulos gaúchos entre 2020 e 2023, e seu retorno ao Cruzeiro coincidiu com a volta do time à elite. Calejado pelos altos e baixos da carreira, assumiu protagonismo na reconstrução do clube.
“Estou um pouco mais velho, né… (risos). A gente amadurece, claro, ganha experiência, mas a vontade de ganhar foi sempre a mesma. A possibilidade de conquistar títulos é tudo que o atleta quer, pois é o principal objetivo das temporadas. Fico feliz de poder viver novamente essa experiência com o Cruzeiro”, contou, em entrevista à PLACAR.
O volante tem uma vasta coleção de troféus. Ao todo, são dois Campeonatos Brasileiros, duas Copas do Brasil, três Recopas Gaúchas e sete estaduais (três Mineiros e quatro Gaúchos). O retrospecto vitorioso e o caráter de “cria da casa” fizeram com que a reconexão com a torcida celeste fosse imediata.
“Os títulos são sempre importantes, independentemente do momento. Pude ganhar nas minhas duas passagens e vim na terceira para seguir construindo a minha história com conquistas. É um momento diferente, de reconstrução, então poder voltar a disputar finais também faz parte desse processo atual do clube”, frisou o ídolo cruzeirense, que ganhou a faixa de capitão do técnico Lacarmón.
Dentro de campo, o desempenho justifica a confiança. Segundo dados do Sofascore, Lucas recuperou em média 6,2 bolas por jogo neste Campeonato Mineiro. Além disso, mantém 90% de acerto nos passes que tentou e foi advertido com apenas um cartão amarelo nas nove partidas que atuou.
Ainda que o Cruzeiro tenha levado a melhor nas duas últimas partidas contra o Atlético Mineiro, em plena Arena MRV, o líder celeste preferiu manter cautela. O clássico que marca a decisão do estadual começa a ser disputado no dia 30 de março, na casa do Galo, com decisiva dia 7, no Mineirão.
“A rivalidade realmente é grande, mas são essas situações que alimentam o futebol e criam expectativa para grandes partidas. Quem chegasse à final seria por méritos e por ter qualidade, então serão jogos equilibrados, difíceis, mas vamos seguir trabalhando e nos preparando para chegar bem e poder buscar o nosso objetivo”, analisou o camisa 16.
Ao todo, Lucas Silva entrou em campo 212 vezes com a camisa do Cruzeiro em jogos oficiais. As passagens aconteceram entre 2012 e 2014 e 2017 a 2019, além da atual, que teve início em 2023. Somando os feitos na Raposa aos do Grêmio, são 10 finais de campeonatos estaduais.