Na véspera da sua partida de estreia pela seleção brasileira, Dorival Júnior comentou nesta sexta-feira, 22, as prisões de Daniel Alves e Robinho. O treinador lembrou em Londres, onde a equipe fará o primeiro da série de dois amistosos, o “convívio excepcional” com o atacante.
Dorival nunca trabalhou com Daniel Alves, mas foi técnico de Robinho de 2009 a 2010, nas campanhas dos títulos do Paulistão e da Copa do Brasil.
“Acho que se houve realmente, e comprovado algum tipo de crime, ele tem que ser penalizado. Por mais que doa no meu coração falar isso à respeito de uma pessoa que sempre tive uma convivência excepcional. Mas olho muito mais para as vítimas, para as famílias [das vítimas], assim como por suas famílias também. Sei o quão doloroso deva ter sido a cada uma delas que passam e passaram por um momento como esse”, disse Dorival.
Quando perguntado sobre os casos, Dorival chegou a ser interrompido pela chefia de comunicação da CBF, que destacou um trabalho para “prevenir, orientar e criar mecanismos” para que novos casos não se repitam. Mesmo assim, o treinador pediu a palavra:
“Como treinador da seleção, tenho a obrigação de me manifestar. Acho que é uma situação muito delicada”, disse.
No dia anterior, o lateral Danilo havia ressaltado o papel dos atletas na sociedade.
“Nós, atletas, temos que entender o lugar que a gente ocupa, entender que nossas ações têm um poder maior de influenciar positivamente e negativamente. Está na hora de entender melhor que nosso também é servir de exemplo de comportamento para a juventude”, afirmou.
Robinho foi condenado a nove anos de prisão por estupro coletivo contra uma jovem albanesa, que comemorava o seu aniversário de 23 anos em uma boate em Milão, na Itália, e hoje cumpre a pena na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. Já Daniel Alves foi condenado a quatro anos e meio de prisão, por agressão sexual, cumpre pena em um complexo penitenciário nos arredores de Barcelona, na Espanha, mas pode ficar em liberdade provisória.
Cobrança de Leila e jogadoras
As falas de Danilo e de Dorival vieram depois de cobrança de jogadoras da própria seleção brasileira. Convocadas para a última Copa do Mundo, a meio-campo Kerolin Nicoli e a atacante Ary Borges, essa última também no vice-campeonato da Copa Ouro, questionaram nas redes sociais o então silêncio do futebol masculino.
A manifestação das atletas foi motivada pela fala de Leila Pereira, presidente do Palmeiras e chefe de delegação da seleção brasileira nesta data Fifa. Ao Uol, Leila classificou o silêncio como “tapa na cara de todas as mulheres”. “Cada caso de impunidade é a semente do crime seguinte.”
A Leila foi gigante no que disse mas é mostrou que é isso que pessoas em posições de impacto precisam fazer. Leila COMO MULHER se posiciona mas será que até quando apenas mulheres vão continuar se expondo, sozinhas a repudiar situações como essa, ou no caso, CRIME como estes?!?
— Ary Borges 🫶🏽 (@_aryborges) March 21, 2024
LEILA Pereira, gigante, como MULHER se posicionou e digo mais, mostrou como pessoas q tem voz, espaço, influência poderiam se posicionar!
Até quando só mulheres ? Até quando mulheres irão continuar sofrendo esses e outros tipos de crimes e as pessoas q cometem saíram ilesas ?!?! pic.twitter.com/qNCPa99Is4— Kerolin nicoli (@kerolinnicolii) March 21, 2024
“Leila, como mulher, se posiciona, mas será que até quando apenas mulheres vão continuar se expondo, sozinhas a repudiar situações como essa, ou no caso, crimes, como esses”, escreveu Ary Borges, do Racing Lousville. “Até quando só mulheres? Até quando mulheres irão continuar sofrendo esses e outros tipos de crimes e as pessoas que cometem saíam ilesas?”, completou Kerolin, do North Carolina Courage, ambos times dos Estados Unidos.
O Brasil enfrentará a Inglaterra neste sábado, às 16h (de Brasília), em Wembley. Na terça, a equipe pegará a Espanha, no Santiago Bernabéu, em Madri.