Robinho foi preso nesta quinta-feira, 21, em Santos, para começar a cumprir pena de nove anos por estupro coletivo contra uma jovem albanesa em Milão, na Itália, em 2013. O ex-jogador do Santos e seleção brasileira foi condenado a nove anos pela Justiça da Itália. A validade da decisão foi homologada no Brasil e o pedido é uma determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A defesa viu o habeas corpus ser indeferido pelo ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribuna Federal), momentos antes do mandado ser emitido pela Justiça Federal de Santos. A PF emitiu nota à imprensa confirmando a ação.
“A Polícia Federal na noite desta quinta-feira, 21, cumpriu mandado de prisão, emitido pela 5ª vara Federal de Santos, em desfavor de Robson de Souza. O preso passará por exame no IML, por audiência de custódia e será encaminhado ao sistema prisional”, informou.
Robinho deixou seu apartamento no bairro da Aparecida, em Santos, em carro da Polícia Federal por volta das 19h (de Brasília). Os dois veículos que se dirigiram ao local foram descaracterizados.
O ex-jogador passou primeiro por uma audiência de custódia presencial na Justiça Federal de Santos, localizada na região central do município, e, depois, seguiu para o IML (Instituto Médico Legal), localizado no bairro do Estuário, onde realizou exame de corpo de delito.
Já no fim da noite, foi encaminhado ao presídio a Penitenciária Dr. José Augusto César Augusto, em Tremembé, no interior do estado – conhecido como presídio dos famosos a 150 quilômetro da capital paulista. Ele chegouao local por volta de 1h da manhã desta sexta, 22.
“A Secretaria da Administração Penitenciária informa que o preso Robson de Souza, o Robinho, ingressou nesta sexta, 22, por volta da 1h da manhã, na Penitenciária II “Dr. José Augusto César Salgado” de Tremembé, procedente da Polícia Federal de Santos”, disse em nota a Secretaria da Administração Penintenciária.
O local já abrigou outros condenados que são figuras públicas como Alexandre Nardoni, Cristian Cravinhos, Lindenberg Alves, Roger Abdelmassih e o ex-goleiro Edinho, filho de Pelé, condenado por lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.
A defesa do jogador teve pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) negado — o ministro Luiz Fux havia sido o escolhido como relator do pedido. No documento, havia a alegação de que o jogador “aguardou em liberdade todo o processo de homologação e nunca representou um risco à aplicação da legislação pátria”.
“A pretensão apresentada pelo Estado italiano, de que seja homologada a ordem condenatória penal para que seja executada no Brasil pena estabelecida no estrangeiro, coloca-se em chapada contrariedade à Constituição da República”, diz o texto.
Procurado pela reportagem após o mandado de prisão, a defesa de Robinho afirmou: “vamos analisar a decisão com cuidado. No momento, nada a declarar”, disse o advogado José Eduardo Rangel de Alckmin.
Ainda na última quarta, quando os ministros do STJ homologaram a decisão italiana por 9 votos a 2, Alckmin já havia dito que, na visão dele, a Constituição impede que um cidadão brasileiro nato seja extraditado e a investigação se usou de métodos ilegais no Brasil.
O relator ministro Francisco Falcão teve outro entendimento e, em um longo voto, expôs que Robinho teve o direito de se defender na Itália e, por isso, caberia ao Brasil repetir o gesto da Itália sem qualquer descumprimento da ordem da soberania nacional.
“Diante da negativa da extradição de brasileiro nato, o compromisso internacional do Brasil com o Governo da Itália é a transferência da execução da pena, para que o nacional [Robinho] cumpra pena em território nacional”, afirmou o ministro. “Defender que não se possa executar aqui a pena imposta no estrangeiro, portanto, é o mesmo que defender a impunidade do requerido pelo crime praticado.”
Relembre o caso Robinho
O ex-jogador do Santos, Real Madrid, Manchester City, Milan, Atlético-MG e seleção brasileira cometeu o crimeT ainda em 2013. O jogador estava com amigos em uma boate, em Milão, quando defendia o Milan, quando teve relação não consensual com uma jovem albanesa. A vítima comemorava o aniversário de 23 anos e não teve o nome revelado. Amigo de Robinho, Ricardo Falco também foi condenado.
O Ministério da Justiça italiano pediu que Robinho e Falco fossem enviados àquele país, mas a Constituição Federal brasileira veta que cidadãos natos sejam extraditados. A solução encontrada, então, que dependia do julgamento do STJ, foi o cumprimento da pena no Brasil.
Robinho, em liberdade, vive praticamente recluso na Baixada Santista. O jogador se limita a utilizar as áreas comuns de um dos condomínios em que tem casa, ir ao comércio local e jogar futevôlei com os amigos em frente a um prédio em que tem um apartamento.
Em recente entrevista à Record TV, ainda antes do julgamento no STJ, Robinho se declarou inocente e vítima de racismo por parte dos juízes italianos.
Carreira de Robinho
Robinho começou a carreira ainda no futsal, em times de São Vicente e Santos. Esguio, rápido e muito habilidoso, migrou para o futebol nas categorias de base do Santos. A primeira chance no time profissional foi no extinto Torneio Rio-São Paulo, com o técnico Emerson Leão, em 2002.
Como o clube estava sem dinheiro e precisava de talentos, coube ao treinador lançar o futuro Rei das Pedaladas no Campeonato Brasileiro daquele ano. O Santos foi campeão nacional naquele ano, feito que se repetiria também em 2004. Com o time da Vila Belmiro, Robinho soma ainda dois campeonatos Paulista (2010 e 2015) e uma Copa do Brasil (2010).
Na primeira vez, deixou o Peixe em 2005, tendo grandes atuações pela equipe. No Real Madrid, rendeu aquém do esperado para quem ocuparia a camisa 10 e, depois de três temporadas estava no Manchester City — a expectativa era ir para o Chelsea, mas o negócio não deu certo. Depois da experiência no clube inglês, voltou para o Santos, por onde ficou ao longo de 2010 e, mais tarde, em uma passagem entre 2014 e 2015.
Foi no Milan, de 2010 a 2015, que conseguiu recuperar o seu melhor futebol e se fazer valer no cenário europeu. Robinho também atuou no Guangzhou Evergrande-CHI, Sivasspor-TUR e Istanbul-TUR. Nesse meio-tempo, esteve no Atlético-MG, de 2016 a 2017, tendo conquistado o Campeonato Mineiro.
Ao longo de praticamente toda a sua carreira, Robinho defendeu a seleção brasileira. O jogador foi campeão da Copa das Confederações (2005 e 2009) e da Copa América, além de ter jogado as Copas de 2006 e 2010.